Após duas aspirações fracassadas de sediar as Olimpíadas, em 2009, cercada de dúvidas e incertezas, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como anfitriã dos Jogos de 2016. O “Sonho Olímpico” nunca esteve tão próximo de se realizar: a esperança e a euforia invadiram, sem pedir licença, até a alma do menos caricato dos cariocas. Com a Copa do Mundo de 2014, que seria sediada no Brasil, e o discurso de desenvolvimento urbano, aliado às promessas de investimentos em infraestrutura, saúde e segurança, o clima de festa aumentava. Receber um evento de tamanha magnitude, inevitavelmente, traz consigo os olhares do mundo, ou seja, a grande mídia retrataria a exuberância das praias e do samba do Rio. Contudo, como já é de conhecimento de todo bom carioca, nem tudo são flores, e o foco midiático acabaria por expor o lado da cidade não agraciado com o abraço do Cristo Redentor.

O momento era extremamente delicado: as aspirações de progresso e a utopia da afirmação do Rio como uma cidade global contrastavam com a dura realidade fluminense, que se desenrolava por trás das cortinas e tomava o palco ao apagar dos holofotes. Os motivos para o descontentamento popular eram mais abundantes que o extrato bancário daqueles que desviavam verbas das intermináveis obras públicas, cresciam mais rápido que o número de infectados pelo surto de Zika Vírus e eram tão crônicos quanto a crise de segurança pública. Como no Rio toda desgraça é pouca, esses problemas de sempre se somaram a um intenso conflito político no plano nacional, a um colapso econômico e a graves escândalos de corrupção envolvendo diversos políticos fluminenses, dentre eles o governador do estado e o prefeito da capital. Tal conjuntura colocava o Rio de Janeiro em uma bifurcação: um caminho de progresso e beleza paradisíaca; ou um caminho de retrocesso e caos.

Agora, imersos nesse conturbado cenário, cabe aos senhores, membros da ALERJ e dos gabinetes de Pezão e Paes, determinar o destino da Cidade Maravilhosa em meio às Olimpíadas e à crise política, social e econômica. O “Legado Olímpico” está em vossas mãos. Não decepcionem o povo fluminense mais uma vez. As cartas estão lançadas. Que vença o melhor!